terça-feira, abril 12, 2011

O Clube de Cinema


Um proposta interessante que a Pergaminho editou recentemente por cá, foi este "O Clube de Cinema" (de 2007). Da autoria de David Gilmour, não o dos Pink Floyd, mas o do crítico de cinema e jornalista canadiano.
Trata-se de uma história auto-biográfica em que o autor nos relata a sua relação com o filho, Jesse, durante os seus últimos anos na adolescência.
A ideia é muito curiosa mas também assustadora se pensarmos do ponto de vista de um pai. Nos seus 15/16 anos Jesse cada vez mais se distanciava e desmotivava da vida académica. Durante a altura em que Jesse se encontrava a viver com o pai este percebeu que algo teria de mudar em relação à vida do filho, pois o caminho que este seguia não o estava a ajudar.
É aqui que lhe surge uma ideia, certamente radical para a maioria de nós. David deixaria o filho desistir da escola e em troca este teria apenas de ver 3 filmes por semana com ele.
É notório ao longo do livro que esta nunca foi uma decisão fácil para o pai que constantemente a questiona. Que a escola não estava a resultar na vida do filho era óbvio, mas abdicar dela, não tentar outros meios de ensino escolar, isso sim atormenta-o.
O livro vai-se dividindo então em duas grandes partes. O relatar desta relação entre pai e filho e as sessões de cinema que eu ansiava por ler. São vários os filmes visualizados e David faz sempre ao filho uma breve introdução sobre os mesmos.
Surgem nesses capítulos algumas histórias verdadeiramente fantásticas sobre vários filmes, a reter o murro que William Friedkin deu a um padre durante a realização de "The Exorcist", por exemplo. Como padre Damien o realizador usou um padre verdadeiro ao invés de um actor. A dada altura numa determinada cena descontente com o desempenho do padre perguntou-lhe se este confiava nele. O padre respondendo que sim levou de surpresa um murro na cara do realizador. Quando a cena foi novamente filmada o padre tremia enquanto terminava o seu ritual ao fundo das escadas. Isto é completamente louco e brilhante ao mesmo tempo. A ideia é genialmente louca e funcionou na perfeição para colocar a tensão necessária na personagem.
A educação pela arte é algo em que acho que devemos seriamente investir. O cinema pode ser mais do que entretenimento disso poucos terão dúvidas. Porém isso não torna a decisão do autor mais fácil, afinal de contas Jesse podia ter o clube de cinema e continuar na escola. Se as coisas corressem mal, muito provavelmente não estava a escrever este post, pois duvido que o livro tivesse sido escrito.
Gostei bastante do livro, aborda temas que me apaixonam de uma forma leve e descontraída. Sendo por momentos cativante ao ponto de querermos entrar na conversa que está a decorrer naquele momento.

Jesse é um apaixonado por hip-hop e ao longo do livro esta actividade está bem presente. por isso a título de curiosidade deixo aqui o único vídeo que o seu grupo "Corrupted Nostalgia" gravou:

1 comentário:

Ruca! disse...

ja tinha lido sobre esse livro num outro blog e fiquei com vontade. está na minha wishlist para adquirir, assim que diminuir o nº dos q comprei ultimamente e ainda n li. abraço