terça-feira, julho 31, 2012

Moonrise Kingdom

Finalmente o Norton volta a surgir num filme que eu tinha mesmo vontade de ver. Porque o senhor até é um grande actor e é uma pena não o ver mais. O cunho pessoal do realizador continua bem vincado, desde a estética ao humor, desde as personagens aos actores do costume. Este é mais um dos seus grandes momentos, "Anderson you did it again".

terça-feira, julho 24, 2012

Man of Steel: Teaser Trailer







Com "The Dark Knight Returns" foram lançados dois teasers de "Man of Steel". Ambos exactamente iguais onde a única alteração se prende com a narração. Ambos narrados pelos pais de Superman, de um lado Jor-El interpretado por Russel Crowe e do outro Jonathan Kent interpretado por Kevin Kostner. O primeiro aborda o destino e o segundo o livre arbítrio. Ambas as narrações estão muito boas.


Gosto do tom do filme, gosto que as primeiras imagens nos façam lembrar tudo menos um filme de super-heróis. Há também uma carga dramática, Kal-El é afinal de contas o único da sua espécie, e nunca a expressão "sozinho na multidão" ganhou tanto significado.


No final temos o azulão a quebrar a barreira do som, muito bom.


Quanto à música, funciona no trailer, seja ou não do Senhor dos anéis. Mas, por favor, metam no filme o clássico do John Williams, porque todos os filmes do Superman a deviam ter.


Por fim, goste-se ou não há sempre uma aura de respeito em torno desta personagem. São muitos anos.

segunda-feira, julho 23, 2012

A vantagem em fazer anos.

domingo, julho 22, 2012

X-Men: Filhos do Átomo


De regresso à colecção "Heróis Marvel", após o Homem-Aranha, seguimos para o segundo volume, dedicado aos mutantes mais famosos da BD, os X-Men.

Julián M. Clemente volta a assinar um bom prefácio. Mesmo não sendo estritamente necessário na apreciação das histórias eu gosto de as contextualizar e Clemente em poucas palavras consegue-nos dar uma boa imagem da evolução, não só na escrita dos X-Men, mas dos super-heróis em geral e que está na génese desta edição. Quando os X-Men surgiram na chamada Idade de Prata da BD (1956-1970), o que estava em voga era criar histórias curtas e fechadas, as próprias introduções às origens dos Super-heróis eram feitas no menor número de páginas possíveis. Como se pode comprovar na primeira aparição dos X-Men, a equipa já está formada, com Jean Grey a chegar ao instituto, fechando-a. Posteriormente isto foi mudando, hoje em dia, as origens são muito mais trabalhadas, todos aqueles que são fãs de uma personagem gostam de saber como estas "nasceram" (daí o delírio quando se anunciou a prequela de Star Wars). Também o formato das histórias mudou, hoje em dia os arcos não se pretendem fechar num comic apenas, mas estender por vários mais, tendo assim mais tempo para as desenvolver e explorar. Nesta compilação temos assim a série completa de "X-Men: Children of the Atom" editada em 99 com argumento de Joe Casey e desenhos de Steve Rude, Paul Smith e Essad Ribic, e que tinha por objectivo recontar a origem da primeira formação dos X-Men. Agora sim em 6 números teríamos uma descriação pormenorizada de como Cyclops e companhia se reuniram sob a tutela de Charles Xavier.

Estamos numa época complicada para os mutantes, cada vez mais surgem entre nós e consequentemente cada vez mais são revelados e conhecidos pelo resto do mundo. Com a maior revelação dos mutantes, grupos de ódio emergem das sombras sentido-se ameaçados enquanto espécie. Se o futuro da humanidade são estes novos Homo-Superior (apelidados assim por Magneto), o que será do futuro dos Homo-Sapiens? Extinção? Metzger é o homem que dá cara a um destes grupos que numa jornada em busca de poder, procura jovens confusos e influenciáveis para assim aumentar o número daqueles que apoiam a sua causa, uma causa baseada em medo e ódio, que infelizmente são fruto, como é costume, de uma enorme ignorância. O tema do preconceito é sempre interessante e relevante, na BD os X-Men foram um marco no que toca ao desenvolvimento deste assunto e o paralelismo com outras minorias natural, ainda que estejamos no campo da fantasia.

Com o crescendo ódio pelos mutantes a necessidade resposta é cada vez mais urgente, e aqui surgem duas facções completamente distintas. De um lado Magneto, que havendo perdido a fé na Humanidade se prepara para uma guerra, e do outro Xavier, que ainda acredita na co-existência das duas espécies e que começa aqui o seu trabalho em busca de jovens mutantes para os ajudar e treinar, preparando-os assim para esta causa. Este Xavier que aqui temos não nos surge tão inocente como na sua primeira aparição, mas estamos a falar de uma personagem cujos interesses foram amplamente explorada durante todos estes anos e esta sua versão parece-me encaixar bem dentro dessa linha.

Quanto aos alunos, certamente que todos os fãs vão gostar de ver as primeiras interacções entre eles. Scott Summers (Cyclops) é um órfão explorado pelo seu poderoso poder mutante, vítima de abusos e dotado de um poder perigoso, uma vez que não o controla, é um rapaz solitário que encontrará em Xavier mais que um amigo, um abrigo. Robert Drake (Iceman) apesar de vir de um ambiente familiar mais saudável, também é um dos solitários precisamente devido ao seu poder que se começou a manifestar. Bobby está sempre com frio escondido em corredores e tentando afastar-se dos outros, estando muito longe do Iceman brincalhão que conhecemos e adoramos, aqui é uma versão muito mais assustada e com tudo o que lhe está a acontecer, quem o pode julgar? Henry Mackoy é o total oposto destes dois, os seus poderes mutantes, os que se manifestaram até à data, dotaram-no de uma agilidade e força que o tornaram no melhor jogador de futebol do seu liceu. Hank é uma estrela, tem amigos, miúdas e até o cérebro (apesar de o esconder), ou seja, ainda estamos bem longe da sua versão mais peluda e azul.

A partir de Warren Worthington III (Angel) temos uma perspectiva de como o fenómeno mutante poderia afectar os famosos. Devido à sua fortuna Warren é conhecido em todo o mundo e capa de revistas. A dada altura começa a ser atacado pelos média quando é acusado de ser mutante, algo que pode mudar drasticamente a sua vida. Warren é de todos o primeiro a tornar-se um super-herói, bem antes de conhecer Xavier já voava pelas noites como Anjo ajudando os outros, é precisamente com ele que temos a primeira aparição do protótipo de um Sentinela, os robots que se tornariam icónicos enquanto imagem da perseguição aos mutantes. Por fim, há Jean Grey (Marvel Girl), a rapariga que guarda grande potencial dentro dela, recebe visitas frequentes do Professor Xavier que pretende recrutá-la para a sua nova escola para mutantes. Apenas no fim é que assume um papel mais preponderante, de resto está bastante ausente.

Um outro ponto de vista que faltava abordar era o de termos um dos humanos preconceituosos a descobrir que na verdade também é um mutante e, felizmente, este aspecto não foi esquecido pelo argumentista. Uma vez que os poderes mutantes normalmente se manifestam durante a adolescência, faz sentido termos um daqueles jovens seguidores de Metzer a descobrir durante esta história que afinal é um dos "inimigos" e a sofrer na pele o mal que o próprio pretendia aplicar aos outros, recebendo assim a sua maior lição de vida. Destaque também para a breve aparição de Reed Richards a comentar o fenómeno mutante, gostava de ter visto algo mais nesta linha.

A seguir a esta história temos um dos pontos mais fortes deste livro que é a possibilidade de ler a primeira aparição dos X-Men que ocorreu em 1963 e com argumento de Stan Lee e desenhos de Jack Kirby, duas lendas portanto. Em quase 50 anos muita coisa se passou neste grupo de mutantes, esta é a oportunidade de assistir ao início, não só destas personagens mas do próprio tema dos mutantes, atente-se que aqui Xavier acha que é o primeiro mutante e provavelmente até seria na mente do seu criador, no entanto, é bem sabido que existiram vários antes dele, a título de curiosidade aquele que é considerado o primeiro é En Sabah Nur, nascido no antigo Egipto e que hoje é mais conhecido pelo nome de Apocalypse. Nesta primeira aventura é-nos também logo introduzido aquele que seria um dos melhores vilões da Marvel de sempre, falo obviamente de Erik Lensherr o fantástico Magneto. É também de salientar a primeira versão gráfica de Iceman que nos surge como um boneco de neve quando usa os seus poderes, bem distante da sua versão mais estilosa de (literalmente) homem de gelo. No final ainda temos duas curtas histórias dos anos 60 de Roy Thomas e Werner Roth onde estes iam revelando um pouco mais sobre as personagens dos X-Men, nada de muito revelante, mas que tem sempre interesse para os fãs, falo por mim. Uma pena serem apenas duas.

Joe Casey aquando da criação de "X-Men: Childrens of the Atom" pretendia criar uma prequela com ligação directa para a primeira história do grupo e daí a colocação dessa mesma história a seguir a estas. No entanto, quando lemos tudo de seguida há qualquer coisa que não flui bem na transição e não estou a falar da componente estética, Steve Rude está muito bem utilizando um traço moderno mas a evocar os clássicos antigos. Rude só participaria até ao 3º volume, sendo posteriormente substituído por Paul Smith que seria também substituído por Essad Ribic no final. Mas, voltando à questão anterior, as minhas questões prendem-se a nível de argumento, a sensação que tive foi similar à das prequelas de Star Wars, havia buracos na história, coisas que não ligavam e tão simples que não se percebe porquê. Por exemplo, já que os autores terminam a história com a chegada de Jean Grey à mansão, precisamente porque a primeira história começa assim, porque é que não mantiveram a mesma roupa da rapariga? A própria Jean Grey surge-nos estranhamente tão diferente em termos de personalidade nas duas histórias que é impossível não notar, talvez longe de casa seja muito mais expedita. Outro aspecto que se faz notar é que na primeira história os X-Men já estão com o professor há mais tempo, já fizeram vários treinos na sala de perigo, no entanto, na prequela apenas haviam feito um e incompleto. É normal em 50 anos de histórias haver problemas com a continuidade, quem lê BD regularmente sabe bem disto, porém, neste caso acho que havia muita coisa que podia ter sido tida em mais atenção e que facilmente se alterava para uma melhor ponte ser feita entre as histórias.

Já que mencionei as gralhas no volume anterior é de salientar que neste são, felizmente, muito menores, e nesse sentido considero-a uma edição melhor. Quanto à tradução como não li nenhuma no original não posso comentar, mas a leitura fluiu muito bem e gostei da linguagem usada.

sexta-feira, julho 20, 2012

Samurai: Aquele Que Serve

Esta curta BD é a minha mais recente participação no projecto "Zona" e que pode ser encontrada na "Zona Nippon", dedicada à cultura japonesa. O desenho é do Fil, onde nos voltámos a reunir para mais uma colaboração. Aproveito para sugerir uma visita à sua exposição para conhecerem mais dos seus trabalhos.



















Quando comecei a trabalhar nesta história, tinha de respeitar duas coisas: o tema teria de ser nipónico e o tamanho máximo duas páginas (acabariam por ser 5 pelo tamanho mais reduzido do formato tankobon).
Na altura, estava um pouco farto de histórias curtas, criar algo realmente interessante em duas páginas é possível, mas complicado e às vezes frustrante por querermos desenvolver mais e não podermos. A fim de tentar algo diferente e explorar caminhos novos, tentei contar uma história visual, através de um poema. Quis focar-me mais em emoções do que propriamente em detalhes, como se fosse uma canção. E não sou um poeta, o que me levava a crer que pudesse estar a meter-me em caminhos perigosos, mas talvez enquanto poema visual resultasse.

O Fil acabaria por pegar na história (algo que não estava originalmente planeado) o que a valorizou bastante, pois gosto muito da sua estética e grande ajuda na planificação.

Depois de um par de comentários, chego à conclusão que isto poderá não ter resultado da forma que esperava. Do que vi não fizeram menção ao poema em si, mas apenas à história, que sozinha é extremamente simples e minimalista e completamente despreocupada com contextualizações (algo que no final do trabalho me fez ponderar se não teria sido um erro da minha parte). Tinha de começar por algo assim, argumentos muito complexos a rimar deixo para mais tarde, depois de aprender a andar neste território. No entanto, foi estranho e curioso ver pegarem na história de forma tão racional quando procurava mais sentimento do que até lições de moral (que não pretendi dar).

E pronto este foi, resumidamente, o processo de criação. Gostei do desafio mesmo que não o tenha ultrapassado, agora é tentar aprender e melhorar.

quinta-feira, julho 19, 2012

Alive 15-07-2012... ou o regresso dos RADIOHEAD

Os Radiohead são um dos primeiros nomes que me vêm à cabeça quando me perguntam quais as minhas bandas predilectas. São também uma das bandas que me acompanha há mais tempo, agora que penso melhor é mesmo A banda que me acompanha há mais tempo. Desde 97, ano em que saiu essa pérola que abanou os alicerces da música e que dá pelo nome de OK Computer.

Lembro-me perfeitamente do ano em que estiveram cá pela última vez e ainda me lembro melhor do facto de não ter ido ver. Nunca pensei que tantos anos se passassem até um regresso, mas a verdade é que foram 11. Quando soube que vinham não hesitei em comprar o bilhete. lMesmo sabendo que o cartaz do alive seria estupendo nos três dias, normalmente vale sempre a pena, acabei por comprar só para este dia, porque já tinha o "Primavera Sound" e "Bruce Springsteen".

Fiquei com a sensação que em termos de quantidade o dia de Radiohead foi o menos interessante, para mim, excepto por eles. Antes havia Refused, Stone Roses e depois The Cure e Tricky entre muitos outros.

Nunca antes senti tanto estar num festival por uma banda apenas. Atenção, claro que houve grandes concertos neste dia, mas o sentimento que pairava no ar com sabor a Radiohead era impossível de se conter.


Por falar em bons concertos, grande recepção ao público feita pelos Paus que abriram tão bem o palco principal. Já me tinham escapado no Super Bock, agora vi-os finalmente e gostei bastante. Depois foi a vez de Warpaint, no palco Heinken. Uma descoberta interessante, além de que há sempre qualquer coisa de sensual em ver uma mulher atrás da bateria.

Depois distribui-se o tempo entre reuniões de amigos, algumas canções da Márcia, no palco do meio (não sei o nome) e em tom de peregrinação começa-se a caminhar para o palco principal para ver Caribou e mais importante arranjar um bom lugar. Caribou pareceu-me uma escolha que resultaria melhor no final do concerto dos Radiohead do que no início, até porque não havia ninguém a seguir aos ingleses. Quanto ao canadiano provavelmente merecia mais atenção do que a que lhe dei, para mim foi um concerto morno no geral.


Por fim, é a vez de subir ao palco, aquela que é para muitos uma das bandas mais importantes dos últimos 20 anos. Os Radiohead são um marco, indiscutivelmente e é difícil superar as expectativas geradas por um mito como este. É que até os outros palcos pararam para se ouvir
Em relação à setlist, e porque essa ainda antes de ser revelada já tinha gerado muito conversa, era impossível conter todos os temas que queremos ouvir. Todos temos as nossas preferências e muitos de nós nunca tínhamos ouvido nenhuma canção, pessoalmente eu gostaria de ouvir algo de todos os álbuns, mas não contava com isso. "Pablo Honey" e "The Bends" estão muito distantes do caminho que a banda percorre e costumam ficar de fora, ia preparado para isso. Por isso quando Thom Yorke, após proferir que "10 anos é muito tempo", começa a tocar os acordes de "Street Spirit (Fade Out)" entrei em êxtase. Adoro a canção e foi uma maneira belíssima de fechar tudo o que tínhamos assistido.

De resto as escolhas foram bastante equilibradas entre "OK Computer" e "In Rainbows", tendo racaído maior atenção sobre "King of Limbs" afinal de contas é a sua digressão.

Grande concerto, com alguns momentos realmente mágicos, ainda me arrepia recordar a "Exit Music (For a Film) entre outras. Espero que não volte a passar mais uma década, porque isto vale mesmo muito a pena.

Em tom mais negativo, como o dia tinha esgotado é escusado dizer a enorme massa de pessoas que se encontrava no recinto. Ora durante o concerto os ecrãs não o passaram, o que terá feito com que muitos não tivessem visto nada. Ao invés as imagens projectadas foram as que passavam nos vários ecrãs atrás da banda que em em tons diferentes de cores iam mostrando partes individuais de todos os membros da banda (ver foto acima).

Depois vieram os The Kills às 1h50, no palco Heinken. Não podia ter sido mais cedo? Bem, foi grande concerto, ainda estava num comprimento de onda dos Radiohead, mas há que realçar o grande concerto deste duo. Que até podiam ter estado no palco principal, tamanha adesão. Entre uma paragem, em que alguém se sentiu mal e um momento mais emocional por parte da vocalista, foram várias canções que percorreram a noite sempre com um forte sabor a Rock n' Roll.

Depois pelas 3 vieram os Metronomy. Estava a gostar, mas não querendo arriscar sair ao mesmo tempo que todos e porque isto de ir trabalhar no dia seguinte desmotiva cada vez mais, não fiquei até ao final. Pensava que por esta altura seria DJ Set e estaria já em casa, mas o Alive trocou-me as voltas. Tinha planeado sair depois de Kills, mas a curiosidade, essa que matou o gato, é tramada.

segunda-feira, julho 16, 2012


Então o 1 e o 2 foram designed para o quê?

sexta-feira, julho 13, 2012

Thorgal - O Filho das Estrelas


Thorgal é uma das séries de BD mais populares da dupla Rosinski e Van Hamme. Uma história carregada de fantasia (e um pouco de ficção científica) que decorre nos tempos dos Vikings, Recentemente a parceria ASA/Público está a lançar uma colecção desta BD e que terá a sua conclusão na próxima semana. Era uma daquelas colecções pelas quais eu fazia figas para acontecer, um muito obrigado aos envolvidos. A colecção em si corresponde aos volumes #14-29. Esta escolha foi feita tendo em conta que para trás já existem edições em português (umas mais fáceis de encontrar do que outras) e porque a ASA tem planos de editar as lacunas dessa primeira metade. Em relação ao número 29 marca a despedida de Van Hamme da série bem como do seu protagonista uma vez que as aventuras a partir daqui são com o filho.

Numa primeira colecção com o Público, bem antes desta, e que pretendia dar a conhecer algumas obras europeias, Thorgal já tinha sido alvo de atenção com a publicação de 2 volumes entre os quais este "O Filho das Estrelas". Este volume apesar de ser o #7 é uma escolha que faz todo o sentido para aliciar novos leitores uma vez que nos conta a origem do protagonista. No primeiro volume, "A Feiticeira Traída" somos introduzidos a este bravo guerreiro aquando de um confronto seu com Gandalf o Louco. Aparentemente este chefe dos Vikings, Gandalf, quer terminar com a vida de Thorgal por este estar apaixonado pela sua filha e não ser um Viking de verdade. É aqui que sabemos que Thorgal foi encontrado à deriva no mar quando bebé. Este órfão seria chamado de Thorgal Aegirnson, em homenagem aos deuses Thor e Aegir. No segundo volume "Na ilha dos mares gelados" o passado de Thorgal é-lhe finalmente revelado pela Feiticeira que dá nome ao primeiro volume e não é nada daquilo que eu estava à espera. Van Hamme situa-nos num ambiente altamente fantasioso para nos puxar o tapete com uma história de ficção científica de fundo.

E agora após esta breve contextualização, vamos ao volume em questão.


SPOILERS

Este "O Filho das Estrelas" conta com três histórias separadas. A primeira revela-nos detalhadamente a descoberta de Thorgal que foi, a início, encarado como um sinal dos deuses (Aegir e Thor). O "berço" em que esta criança se encontrava era algo nunca antes visto pelo povo Viking e já indício de que Thorgal não é um mero bebé abandonado.

A segunda história acaba por ser a primeira aventura vivida pelo herói, aqui ainda um jovem rapaz. Há mil anos atrás o chefe dos anões perdeu o seu nome num jogo de damas com a serpente Nidhogg. Para o reaver precisa de encontrar "o metal que não existe", ora como se encontra algo que não existe? Essa é a missão do anão mais valente, que tem mil anos para executar esta tarefa, caso contrário o seu povo está condenado. Próximo do fim acaba por encontrar Thorgal, uma criança possuidora de uma peça de metal (o que sobrou da cápsula em que foi encontrado) nunca visto no planeta Terra. É a partir deste anão que pela primeira vez Thorgal ouve a possibilidade de que ele não é deste planeta. Será Thorgal, um alienígena? Bem, tecnicamente sim e não. Graças à coragem de Thorgal o povo dos anões é salvo e é nesta história que o seu destino irá ficar para sempre ligado ao da sua amada, Aaricia (que nasce no final).

Por fim vem a terceira história e aquela que revela finalmente a origem do herói. Um jovem Thorgal numa missão em busca de um deus, acaba por encontrar... o seu avô... e com ele as tão esperadas respostas. Há muitos anos atrás, um grupo de homens viajou para o espaço, após um cataclismo que atacou a Terra. Adoptando um novo planeta continuaram a evoluir enquanto civilização. No entanto, a Terra voltou a prosperar e agora os seus filhos pródigos querem regressar a casa, até porque já estão a esgotar as fontes de energia do seu novo planeta (a surpresa).


Durante esta viagem gera-se um grande confronto entre aqueles que viriam a ser o avô e o pai de Thorgal. O primeiro quer respeitar os povos que vivem agora na Terra, enquanto o segundo quer que governem como deuses, algo que seria relativamente fácil, uma vez que estes "extra-terrestres" não só são muito mais avançados tecnologicamente, como também são possuidores de capacidades sobre-naturais (que não nos são reveladas ainda).

O avô de Thorgal perde contra o seu genro e é obrigado a exilar-se na Terra. A ironia é que a nave em que o seu povo viajava tem problemas na aterragem ficando permanentemente arruinada. Mais sobre o que lhes acontece é revelado no já mencionado, "Na ilha dos mares gelados". No que toca ao seu avô, são e salvo manteve-se por perto por causa deste dia. Com o objectivo de que o seu neto viva uma vida normal entre os Vikings, elimina todas estas memórias da sua mente bem como os seus poderes (fiquei com essa sensação). Porém, a sede de conhecimento e aventura de Thorgal não é saciada e a busca por respostas continuará dando origem a muitas aventuras. Quanto aos poderes, podem ter sido eliminados dele, mas não do seu código genético, uma vez que o seu filho irá possuí-los.

Concluindo, esta é uma belíssima série que vale a pena espreitar. Os desenhos de Rosinski são maravilhosos, a imensidão das paisagens, o retrato dos Vikings em contraste com os do "povo das estrelas" é todo muito bem conseguido. Aliado a isto juntam-se as palavras de Van Hamme que tão bem sabe criar uma aventura aliciante como esta curiosa e distinta origem.

Em relação às primeiras edições é ir procurando em alfarrabistas e lojas e esperar que a ASA edite as que faltam. Eu aventurei-me com o primeiro volume em francês. Não correu assim tão mal, mas também não correu assim tão bem. Quando os encontrar em português não hesito, mas, caso contrário não me importo de investir nos que me faltam em francês, pode ser que assim me force a aprender melhor a língua o que é sempre bom de uma forma geral e na BD em particular.

quinta-feira, julho 12, 2012

Homem-Aranha: Integral Frank Miller


 No âmbito da colecção, "Heróis Marvel", a ser distribuída com o jornal Público, venho falar deste primeiro lançamento, "Homem-Aranha: Integral Frak Miller" que foi estrategicamente lançado na estreia do filme "The Amazing Spider-Man". Que a nível de timing é uma excelente decisão, mas monetário nem tanto porque não houve tempo para concluir a colecção "Thorgal" também a ser distribuída actualmente com o mesmo jornal.

Pormenores à parte, vamos à edição em si que é o que interessa. O Público em parceria com a editora ASA tem estado de parabéns no que toca às edições de BD europeias, desde Thorgal a Blueberry passando por muitos outros, os fãs de BD têm tido a oportunidade de fazer algumas belas colecções. Desta vez o jornal em parceria com a Levoir volta a apostar em BD Norte-Americana e com uma colecção muito apetecível que reúne material do clássico ao moderno que são na sua maioria histórias aconselhadas.

Neste primeiro volume reúnem-se os trabalhos desenvolvidos por Frank Miller no Homem-Aranha. Miller viria a tornar-se um dos grandes autores de comics e hoje é sobejamente conhecido por ter desempenhado um papel fundamental em Daredevil e Batman e por ter criado essa cidade sem escrúpulos e que respira noir por todos os poros que é "Sin City". Este livro promete-nos uma viagem no tempo, antes de Miller ter ido trabalhar em Daredevil, esteve antes no Aranha e quanto a mim, acho sempre interessante conhecer os trabalhos iniciais de um autor, até porque, já conhecendo o seu trabalho posterior, conseguimos reconhecer nestes determinados estilos na sua arte que posteriormente seriam desenvolvidos.

Em relação às histórias, são todas parcerias com outros heróis. O que eu adorava quando juntavam na mesma história vários dos meus heróis preferidos. Não é que fossem necessariamente as melhores, mas poder ver o Aranha e o Daredevil juntos é muito bom. Em relação a estes dois, que funciona quase como uma passagem de testemunho para Miller, é de salientar a forma distinta como são desenhados tal como mencionado por Julián M. Clemente, num bom texto introdutório ao volume. Ambos são personagens que primam pela agilidade e percorrem as ruas de Nova Iorque de prédio em prédio, no entanto, o Daredevil não passa de humano enquanto o Aranha tem uma agilidade sobre-humana e alcança posições muito mais desafiadoras. Já disse mais do que uma vez, o Aranha é o praticante por excelência de Yôga.

Esta foi uma leitura que me levou a viajar no tempo, para histórias mais antigas e até para os tempos em que lia Marvel em português. Já há tanto tempo que não via a palavra Demolidor (Daredevil) ou Justiceiro (Punisher) escritas. Além destes as aventuras são partilhadas com o Doutor Estranho (Doctor Strange), o Quarteto Fantástico, o Punho de Ferro (Iron Fist), o Luke Cage e um dos meus predilectos, o Cavaleiro da Lua (Moon Knight). É de salientar também o retrato da cidade pelas mãos do autor, Frank Miller captou-me primeiro a atenção como argumentista e só posteriormente é que prestei mais atenção aos seus desenhos, curiosamente o seu percurso é inverso.

Todas as histórias são desenhadas por Miller excepto em "Marvel Team-Up Anual #4" onde assumiu pela primeira vez o papel de argumentista e onde aproveita para reunir uma data de personagens.

No final há uma história incompleta que poderá incomodar muitos, pois a seguinte já não contava com a participação de Frank Miller e por isso ficou de fora, mas não sem uma explicação dos editores em relação aos acontecimentos. Pessoalmente não me incomodou porque o arco que vinha de trás é encerrado, apenas abrem outro no final para nos aguçar o apetite para a próxima história.

Em tom menos positivo, achei que o texto continha demasiadas gralhas, algo que uma revisão cuidada reduziria consideravelmente. Nada que torne as falas imperceptíveis, erros simples como a omissão da conjunção "e" ou o facto do Senhor Fantástico na página 68 afirmar que não está sozinho quando se devia referir ao Aranha e não ao próprio. Em média são cerca de uma gralha por história, talvez mais. Como disse não é nada que não se perceba mas devia ter havido mais brio na edição final, talvez problemas de prazo uma vez que este "tinha" de sair aquando a estreia do filme já mencionado. De resto e do que conheço das versões originais, houve alguns momentos em que, pessoalmente, traduziria o Aranha de forma diferente, mas talvez seja uma questão mais pessoal do que outra coisa.

Infelizmente a galeria final com as capas de Miller encontra-se estranhamente incompleta, ao contrário da edição original. Claro que esta é substancialmente mais cara, ainda assim não se entende a decisão.

As histórias incluídas neste volume são:

- Amazing Spider-Man Anual #14;
- Marvel Team-Up #100;
- Marvel Team-Up Anual #4;
- Amazing Spider-Man Anual #15;
- Spectacular Spider-Man #27
- Spectacular Spider-Man #28

segunda-feira, julho 09, 2012

Harvey Milk no Cinema

The Times of Harvey Milk (1984)




Este fim-de-semana foi dedicado a Harvey Milk, o primeiro político Norte-Americano, assumidamente gay a ser eleito para um cargo governamental.

Milk sempre se considerou, não como um político, mas como parte de um movimento. Neste sentido há até uma questão, pertinente, que ficou de fora do documentário (está no final alternativo), que é: Foi Harkey Milk quem fez História? ou foi a História que fez Harvey Milk?

Com os constantes ataques aos direitos humanos, mais especificamente aos direitos da comunidade gay, era necessário retaliar. Mais do que manifestações era importante ter alguém no governo a zelar pelos interesses desta minoria. Os negros tinham-no conseguido, os chineses também, era agora a vez de um gay ser eleito. Milk abraçou este objectivo em 1973 e com perseverança alcançou-o finalmente em 1977.

É evidente que o movimento gay é crucial na política de Milk e a sua vitória sobre a abominável "Proposition 6" (que visava a possibilidade de despedir professores gays, ou simpatizantes, dos seus cargos) possivelmente o seu maior feito em termos políticos. No entanto, não quero com este texto, de todo, reduzi-lo a um político que batalhava apenas pelos direitos da comunidade gay, pelo contrário. Milk lutava pelo que acreditava e a grande força da sua campanha, algo que ele não descurou, foi a luta por todas as minorias, sejam étnicas, com deficiências ou os idosos.

O documentário reúne uma série de entrevistas a pessoas que lhe eram próximas de diversas formas, seja profissional ou pessoalmente. Entrevistas, declarações, vídeos, etc. Graças às campanhas de Milk há muito material disponível sobre ele e que enriquecem substancialmente o filme. Após o seu assassinato o documentário, ao contrário do filme de Gus Van Sant, ainda continua a explorar o sucedido mostrando-nos como decorreu o julgamento de Dan White, o descontentamento gerado pelo resultado e uma busca por uma qualquer justificação do sucedido.

A ironia é que White termina a sua pena no ano em que este documento é lançado e que, já agora, venceria o Óscar nesta categoria. Dois anos depois White comete suicido.





Milk (2008)



Já era tempo de me actualizar com a filmografia de Van Sant, tenho perdido os seus útlimos filmes, e não é por falta de interesse.

Uma coisa que se torna clara neste filme é que o documentário acima serviu como base de pesquisa, afinal de contas, já contém imenso material reunido. Quase todas as aparições de Milk em vídeo, são reproduzidas no filme onde os seus discursos são transcritos na totalidade. Já agora Sean Penn faz um trabalho muito bom na pele de Harvey Milk.


Gostei, também do facto de aqui se dar atenção a muitas pessoas que não foram salientadas no documentário e que foram parte importante do movimento, como Cleve Jones ou Scott Smith. Em termos de informação o que o filme de Van Sant nos dá a mais é a parte da vida pessoal do político. As suas relações amorosas e de amizade, uma das quais acabou em tragédia e lhe foi emocionalmente devastadora.

O elenco é bastante bom com Josh Brolin no papel de Dan White, James Franco como Scott Smith e Emile Hirsh como Cleve Jones, entre outros.

Milk recebia variadas ameaças de morte, subindo a púlpitos para discursar com receio que pudesse ser a sua última vez e, no entanto, o perigo estava muito mais perto do que pensava não tendo sequer a ver com o movimento gay per se, ou pelo menos não directamente e de uma forma mais política do que preconceituosa, pelo menos foi assim que interpretei a situação. Tanto Milk como White, eleitos na mesma altura, surgiram como duas estrelas em ascensão. Milk prometia agitar o governo, prometia mudança e White era o típico rapaz de ouro Americano, conservador e familiar. No entanto, apenas um cumpriu com as expectativas. White não soube lidar bem nem com a carreira nem com a pressão sofrida pelo seu cargo e a pouco e pouco foi-se perdendo como político e posteriormente como pessoa. Brolin conseguiu captar bem essa espiral descendente que relatam em relação a White.

No filme ficou faltar referir que Dan White além de ex-polícia, era também ex-bombeiro, algo que invalidaria uma piada usada a dada altura.

O final, momento climax no documentário também, mostra a marcha efectuada em homenagem a Milk e Moscone. A resposta do povo a estes dois assassinatos foi de um respeito e carinho que não deixarão ninguém indiferente e que serve como lição de vida a gerações futuras.