sexta-feira, novembro 29, 2013

Doctor Who - Temporada 2


Reinette: Monsieur, be careful!
The Doctor: Just a nightmare, Reinette. Don't worry about it. Everyone has nightmares. Even monsters from under the bed have nightmares. Don't you, monster?
Reinette: What do monsters have nightmares about?
The Doctor: Me!

SPOILERS

Russell T. Davies foi imperativo no regresso de "Doctor Who" em 2005. Juntamente com o duo de protagonistas, conseguiram cativar um novo grupo de fãs que foi crescendo (e continua a crescer) com o tempo. O passado também nunca foi esquecido e as referências a tempos e vilões passados fez-se sentir para aqueles que conheciam a série original. Davies, como referi, teve um papel crucial, mas dificilmente conseguiria cativar os espectadores se não tivesse um duo de protagonistas à altura. Christopher Eccleston como Doctor e Billie Piper como Rose criaram uma parceria assombrosa e apesar de Eccleston apenas ter estado uma temporada, acho que o seu trabalho, que contribuiu muito na revitalização deste franchise, nunca poderá ser esquecido. Continuo mesmo a achar que o Doctor de Eccleston só não é tão mencionado como os outros porque contou apenas com 13 episódios. Gosto muito do seu "Doctor Soldado" aquele que traz sempre no olhar o sentimento de ter perdido o seu povo na Time War contra os Daleks, uma prestação bastante séria, apesar do tom da série, que acentou muito bem. Na primeira temporada, juntamente com Rose, despedimo-nos dele para abraçar David Tennant como o 10º Doctor.

As alterações na personalidade dos vários Doctors são a "prova" de que o DNA é realmente crucial no nosso desenvolvimento e não só o ambiente. É que sempre que o Doctor recorre ao seu processo de regeneração o seu corpo muda, logo o seu DNA, e a pessoa que surge perante nós não só é diferente fisicamente como também em determinados traços da sua personalidade, apesar de estarmos perante a mesma personagem com as mesmas memórias. Claro que isto foi um artíficio criado para a série durar mais tempo, mas um artíficio que se tornou icónico e funcional. Muitos poderiam achar que faria sentido o Doctor manter a mesma personalidade, mas em vez de termos uma série de actores a copiarem-se uns aos outros, eu gosto mais desta hipótese. É o mesmo Doctor e não é o mesmo Doctor. Porque consoante o corpo, a sua tendência para determinados traços emotivos pode ser maior ou menor. Ora Tennant sobressai logo por ser mais divertido que o seu antecessor, por vezes um Doctor mais cartunesco até (óculos 3D, brillant).

Esta segunda temporada começou muito bem com aventuras tanto no futuro como no passado. No episódio de Natal, aquele em que o Doctor ainda está a finalizar o seu processo de regeneração, acabámos por reencontrar Harriet Jones, agora primeiro-ministro do Reino Unido, para mais uma aventura. Se bem que o final desta vez não foi tão promissor para o futuro desta mulher, da qual se esperava um caminho mais produtivo politicamente. Foi aqui também que tivemos a primeira menção a Torchwood, uma organização secreta que lida com tudo o que é de origem aliénigena e que teve especial destaque ao longo da temporada. Também porque 2006 foi o ano em que o spin-off com esse nome foi lançado (e onde podemos rever o Captain Jack Harkness).

Segue-se "New Earth" um episódio onde o Doctor tem de enfrentar um grupo de freiras felinas que criam clones humanos para testar neles todas as doenças, numa aventura onde "Doctor Who" volta a esticar a corda até ao ponto de ruptura dos nossos sentidos de lógica - esta é uma série que consegue ser tanto infantil como adulta, é mágica."Tooth and Claw" junta  a Rainha Vitctória no século XIX ao mito dos lobisomens e mostra-nos a origem de Torchwood e "School Reunion" além de um enredo escolar carregado de suspense trouxe de volta Sarah Jane Smith e K9, dois grandes companheiros do passado do Doctor. Um momento importante também pelo facto de Rose, pela primeira vez, se aperceber que não é única. Uma bela reunião, uma belo início de temporada.

Tudo corria muito bem com este Doctor e com Rose a criarem cada vez uma ligação mais forte. Contudo, como em tudo que ocorre uma mudança deste género, primeiro estranha-se e depois entranha-se, ou seja, a presença de Eccleston ainda se fazia sentir e apesar de Tennant ter muita pinta e humor, ainda não me tinha conquistado plenamente. Até surgir "The Girl in the Fireplace" aquele que para mim, até à data, é um dos melhores episódios da série. A história é muito imaginativa, os vilões criaram uma aura de terror fantástica e acima de tudo a relação entre o Doctor e Reinette é uma que não será esquecida. Pela primeira vez vi este Doctor com o seu lado mais sensível e atormentado expostos. Agora sim, Tennant é o Doctor.

Quanto ao pobre do Mickey Smith, ainda criou coragem para partir à aventura ao lado de Doctor e Rose, mas rapidamente percebeu que estava a mais. Esta não já não é a Rose que ele conheceu e namorou. No entanto, uma personagem que normalmente era usada apenas para comic relief, foi crescendo e conquistando o seu espaço, acabando por ficar a travar uma batalha contra os Cybermen num universo paralelo. Um que voltaria a regressar na season finale.

Aventuras a evocar o ambiente de "Twilight Zone" como em "The Idiot's Lantern" e explorações do conceito e da entidade do Diabo em "The Impossible Planet" e "The Satan Pit" foram explorados em seguida - uns melhor que outros.Tivemos também o primeiro episódio que não foi centrado no duo de protagonistas. Em "Love & Monsters" conhecemos a história de Elton e do seu precurso em busca do Doctor, uma abordagem diferente e interessante.

Mas no que toca à recta final, a da 1º temporada foi melhor pois começou no soberbo "Empty Child" e continuou em alta até à despedida do 9º Doctor em "The Parting of the Ways". Mesmo assim o episódio duplo da season finale desta segunda temporada também foi muito dinâmico e emocionante. Davies não resistiu em trazer-nos mais uma vez uma horde de Daleks, mas desta vez com os Cybermen à mistura. A guerra na Terra parece perdida, mas mais uma vez o espirituoso Doctor prova-se à altura do seu nome. O problema é que a solução para este problema implica o afastamento de Rose. Caramba depois de uma grande despedida na primeira temporada, temos outra na segunda. O seu adeus foi tão sentido com aquele momento em que confirmou aquilo que todos sabíamos. Rose vai deixar mesmo muitas saudades, ela foi uma Companion magnífica e agora ficará para sempre (ou não) num outro universo, longe do seu Doctor, que ao contrário do que lhe disse, não vai continuar a viajar sozinho.

Quando foi preciso Rose deu o salto para dentro da Tardis e partiu à aventura. A início tremendo, mas rapidamente tomando-lhe o gosto por estas aventuras deslumbrantes. Aventuras essas que ficarão a ecoar na eternidade. O seu espírito aventureiro e carinho pelos outros sempre deram um toque especial a estes episódios e mesmo não conhecendo outra Companion apetece-me dizer que a sua ligação com o Doctor é das mais especiais. Temo que despedidas é algo que podemos esperar em todas as temporadas.

Agora venha a terceira e vamos lá conhecer quem é esta noiva em fuga que dá pelo nome de Donna Noble.

terça-feira, novembro 26, 2013

Exposição de Paulo e Susa Monteiro na Mundo Fantasma - Histórias da Planície


Foi já no Sábado 16 de Novembro que teve início a exposição intitulada "Histórias da Planície" na loja de BD "Mundo Fantasma". A inauguração contou com as presenças dos autores, Paulo e Susa Monteiro. A notícia já vem tarde, mas a exposição continuará até 5 de Janeiro. Por isso a quem estiver ou passar pelo Porto nesses dias, fica a sugestão.


Já queria ter falado aqui há muito do livro "O Amor Infinito que te tenho e outras histórias" de Paulo Monteiro, cujas pranchas (algumas) se encontram expostas. O livro do Paulo, editado pela Polvo em 2010, foi um dos melhores lançamentos destes últimos anos. Os seus desenhos pautados por frases poéticas, resultam numa série de momentos de imensa sensibilidade e beleza, com o que me pareceu, alguns toques auto-biográficos. O livro tem sido alvo de vários elogios e conquistou em 2010 o prémio de melhor álbum no festival "Amadora BD" e em 2011 de melhor publicação independente nos "Troféus Central Comics". Além de Portugal já foi também editado na Polónia, França e Espanha.

Em relação à autora Susa Monteiro, conheci-a precisamente com o livro que tem exposto, "A Carga", que foi editado em 2008 no Festival de Beja (o primeiro a que fui). Numa primeira impressão é clara a simbiose entre os trabalhos dos dois, tanto no traço como no ambiente, afinal de contas vivem juntos e certamente acabam por se influenciar mutuamente, mas sobre isto vale a pena ler o que Paulo Monteiro escreveu aqui. Além deste "A Carga" só conheço o álbum que fez sobre o Jorge Palma para a colecção "Pop Rock Português".

É preciso também salientar que o trabalho desenvolvido na BD por estes dois autores, vai além do autoral uma vez que pertencem à organização da Bedeteca de Beja e do famoso Festival que lá se desenrola.

A não perder.


sexta-feira, novembro 22, 2013

O Capuchinho Vermelho - Na versão que as crianças mais gostam


A "Polvo" é das editoras nacionais com catálogo mais invejável em termos de BD. É sempre uma excelente oportunidade visitar a sua banca em festivais e ir completando a colecção. Foi precisamente isso que fiz este ano no "Amadora BD" começando por esta versão da história do Capuchinho Vermelho por Richard Câmara, que talvez não seja a versão favorita das crianças, mas é uma das minhas certamente.

Apesar de termos aqui uma visão diferente do conto, uma com o final mais bizarro de todos, o que mais gosto neste livro é a forma como a história é contade. Do pouco que conheço de Câmara já vi que o autor gosta de explorar a linguagem da BD e é precisamente isso que quero focar neste livro.


No "Capuchinho Vermelho" as pranchas são divididas em quatro vinhetas, onde cada uma corresponde a uma das quatro personagens desta história: Capuchinho, Lobo, Caçador e Avózinha. Assim cada vinheta vai contando a história a partir do ponto de vista da sua personagem, por exemplo, se quisermos seguir apenas o Capuchinho só temos de ler a primeira vinheta de todas as páginas. Claro que a dada altura as histórias se vão cruzando e é curioso ver como o autor explora alguns desses momentos.

Um exercício de estilo e linguagem muito engraçado tornam este "O Capuchinho Vermelho - Na versão que as crianças mais gostam" uma bela sugestão de leitura para todos os apreciadores de BD, sejam eles pequenos ou graúdos.


quinta-feira, novembro 21, 2013

Susana (1951)


Da negra tempestade surge Susana, com seu corpo angelical e alma demoníaca. É recebida pela família Guadalupe que lhe dá abrigo e carinho. Como se fosse um membro da família Susana é assim integrada naquela dinâmica familiar tão celestial. Mas os símbolos estão lá, Susana é o mal, no dia em que chega à quinta um potro morre e uma égua adoece, se isto não fosse  claro o final volta a reforçá-lo, tudo fica bem sem a presença de Susana.

Ela é a serpente do paraíso em contraste com a família perfeita e católica (até o nome do filho é Jesus) e o efeito sedutor que tem nos homens, não demora a fazer-se sentir. Susana sabe que a sedução é algo que lhe vem de forma natural e manipula o seu dom a seu bel-prazer. Em pouco tempo, não há homem na quinta que não saiba quem ela é e que não sonhe com ela. O problema de ser demasiado sedutor é que por vezes seduzimos mesmo quando nem tentamos.

Toda a família cai em tentação, cada um à sua maneira e, no entanto, apenas Susana é recriminada como sendo "o diabo", a culpada. Ela que nos é apresentada como prisioneira num reformatório onde parece ser constantemente recriminada pelas suas acções, afinal de contas, não é pura nem virtuosa. O filme trata-a assim a partir de todos os simbolismos, mas será que a mensagem é mesmo essa por parte de Buñuel? Não é. Há aqui uma forte ironia em toda esta situação, mas uma ironia tão suave que fintou de forma genial a censura da altura como muito bem explica este belo texto de João Bénard da Costa que encontrei no Cine Resort.

Neste meu precurso pela filmografia de Luis Buñuel, chegou a vez de "Susana" o filme com a maior carga de sensualidade e erotismo que vi do realizador. A sensualidade e a nudez não são a mesma coisa e "Susana" não deixa de ser uma lição nesse campo, para muitos outros filmes que falham em capturar semelhante atmosfera.

O final recordou-me o de "A History of Violence" aquele regressar às origens como se nada se tivesse passado. Claro que neste caso o contexto é diferente e o final muito mais surreal e inverosimil. Uma coisa é certa: para passar a provação é sempre mais fácil remover a tentação.

terça-feira, novembro 19, 2013

2001: A Space Odyssey (1968) - O Regresso aos Cinemas



Cada vez mais se sente que as sessões clássicas no "UCI El Corte Inglês" vieram para ficar. Uma iniciativa que abriu as hostes com "Taxi Driver" e que continuou com "Lawrence of Arabia" e "From Here to Eternity". A preocupação na escolha dos títulos continua a mostrar-se cuidada, a encerrar o ano temos agora a estreia desse filme tão grande como a vida que é "2001 A Space Odyssey" e mais perto do Natal podem já marcar nas agendas o regresso de "Casablanca".

Vi este filme pela primeira vez em casa em DVD, tal como a maioria da minha geração. Posteriormente, vi-o na "Casa da Música" com a banda sonora tocada ao vivo pela orquestra do Porto, sem dúvida alguma uma visualização muito especial. Kubrick era um perfeccionista em todas as vertentes do processo de realizar um filme e a banda sonora não era excepção. Quem conhece o filme, sabe bem o quanto estas composições musicais fazem parte da estrutura do mesmo, da sua alma. Haverá início cinematográfico mais épico que este ao som de "Also Sprach Zarathustra" de Richard Strauss? Existe outro filme que conseguiu captar um bailado no espaço como o que vislumbramos aqui ao som de "An der schönen blauen Donau" de Johann Strauss? E o que dizer da perturbante "Requiem" de Ligeti que nos assombra ao longo da narrativa?

Se em termos musicais dificilmente voltarei a ter uma melhor experiência do que esta, em termos visuais não era o caso. Por isso desta vez não ia perder a oportunidade de ver "2001" numa sala de cinema (trata-se de uma versão restaurada digitalmente). Agora sim a imersão no espaço foi muito mais profunda, há determinadas cenas em que ganham um poder inegavelmente maior. "2001" é um filme para ser vivido numa sala de cinema, caso haja oportunidade, por isso esta é uma experiência imperdível para todos os apaixonados por Cinema.

São várias as virtudes de "2001", estamos a falar de um filme que marcou e até mudou o Cinema. Segundo João Lopes "2001" e "The Birds" de Hitchcock foram os filmes da década de 60 mais importantes no que toca aos avanços dos efeitos especiais. Nuno Galopim, outro dos apresentadores desta sessão de ante-estreia, também chamou muito bem a atenção para o facto de nunca antes, nem nunca depois, o cinema e a literatura de ficção-científica terem estado tão próximos como neste momento. Uma vez que estamos a falar de um filme escrito por Kubrick e Arthur C. Clark e que viria a dar origem num livro também.

(Spoilers)

Apesar de estarmos perante um filme que explora temáticas como a da existência humana, não deixo de achar curioso que a personagem mais bem desenvolvida em todo o filme seja um robô. "2001" pode ser tudo, mas não é um filme de actores, onde determinada interpretação nos tenha impressionado em particular. De facto este é talvez o ponto mais criticado do filme, a falta de uma maior caracterização de personagens e que levam a acusações de o realizador ser demasiado frio e cerebral. Há verdade nestas afirmações, "2001" não é esse tipo de filme, nem tem de ser. Contudo, considero mesmo que existe uma personagem muito bem construida e interpretada (pela voz de Douglas Rain) que é o Hal 9000. Curiosamente acaba por ser a personagem mais humana do filme, aquele momento final em que Dave está a desligar Hal é dos momentos que mais me arrepia a ver o filme, aquele "I'm afraid Dave" diz tudo.

(Fim de Spoilers)

No final acabei por conversar com amigos sobre a resposta Russa ao "2001", o "Solyaris" de Andrei Tarkovsky. Quis salientar este filme no texto porque não deixa de ser interessante reparar que a grande virtude do filme Russo reside precisamente no foco dado às personagens, estando longe da imponência visual de "2001". Apesar de um filme lembrar sempre o outro, estamos perante duas obras ímpares e muito distintas do Cinema em geral e da ficção-científica em particular.

A quem tiver a oportunidade, não a perca, certamente não dará o tempo por perdido. Não há nada como ver um filme destes no formato para o qual foi pensado e criado.

domingo, novembro 17, 2013

Contos de Máximo Gorki: Vinte e seis e mais uma



Poema

Em pouco tempo calávamos quem ousava dizer tal coisa: precisávamos de amar alguma coisa - tínhamo-la encontrado e amávamo-la; como tal, essa coisa que nós, todos os 26, amávamos, tinha de ser inacessível, como se fosse sagrada, e qualquer um que nos fizesse frente nessa questão era nosso inimigo.


Tchelkashe

Gavrilo continuava a rir, olhando estupidamente para o seu patrão. Aquele olhava-o também, pensativo e lúcido. Via à sua frente um homem cuja vida estava nas suas patas de lobo. Tchelkashe sentia que podia controlá-lo a seu gosto. Podia rasgá-lo em pedaços, como uma carta de jogar, ou podia ajudá-lo a fazer-se um homem sério.

sábado, novembro 16, 2013

O Triunfo do Barroco



Daqui a 2 horas na Casa da Música.

Programa:

ORQUESTRA BARROCA CASA DA MÚSICARinaldo Alessandrini direcção musical
Roberta Invernizzi soprano

G.F. Handel Abertura e árias de Il Trionfo del Tempo e del Disinganno
Georg Muffat Chacconne Alessandro Stradella Sinfonia e ária de S. Giovanni Battista
Alessandro Scarlatti Sinfonia e ária de Colpa, Pentimento e Grazia; Cantata "Su le sponde del Tebro"
Arcangelo Corelli Concerto Grosso em Ré maior, op.6 nº 4

sexta-feira, novembro 15, 2013

Há aranhas gigantes em Lisboa!!!



Não me lembro nunca de ter visto uma publicidade tão fantástica como esta para promover banda desenhada.

Os meus parabéns ao Filipe Melo, Juan Cavia e Santiago Villa. Esta vídeo que rapidamente se tornou viral foi uma jogada de mestre na promoção do último livro da trilogia "Dog Mendonça e Pizzaboy" que tem o subtítulo "Requiem".

O livro já se encontra dispinível nas livrarias.

As Crónicas de Gelo e Fogo: A Feast For Crows



Jaime, sweetling, I have known you since you were a babe at Joanna's breast. You smile like Gerion and fight like Tyg and there's some of Kevan in you, else you would not wear that cloak...but Tyrion is Tywin's son, not you. I said so once to your father's face, and he would not speak to me for half a year.

Genna Lannister

Após ter terminado "A Storm of Swords" George R. R. Martin começou a trabalhar no volume seguinte, o 4º. Se há algo que é bem notório neste universo é a dedicação e tempo despendido na criação deste mundo e na caracterização das suas personagens. Mesmo em personagens que surgem apenas num capítulo, a forma como são descritas denota atenção e cuidado.

O problema de ter um universo tão amplo é que nos podemos começar a perder dentro dele. Por perder entenda-se nas inúmeras possibilidades narrativas. É o que me parece que esteja a acontecer ao autor, uma vez que o 4º volume estava a transformar-se num testamento tão grande que Martin viu-se obrigado a dividi-lo em dois: este "Feast of Crows" e o mais recente "A Dance With Dragons". Em vez de cortar a história ao meio, o autor optou por separar as várias personagens a partir das quais os capítulos são contados. Por isso as histórias em ambos os livros decorrem na sua maioria ao mesmo tempo e há personagens cuja falta é sentida neste, como é o caso de Jon Snow, Tyrion Lannister e Daenerys Targaryen cuja aparição ficou guardada para o 5º Volume.

"A Feast of Crows" é um livro com um sabor a interlúdio. Depois dos grandes acontecimentos em "A Storm of Swords", este tem um sabor diferemte focando-se mais na caracterização de determinadas personagens do que no desenvolvimento do enredo. Apesar de este autor ser impiedoso no que toca às suas personagens, a paixão que nutre por elas é bem explícita, mas talvez seja isso mesmo que o acabe por levar a prolongar-se demasiado na história de algumas. Gosto muito da Brienne, mas ao chegar ao final dos seus capítulos, não deixei de sentir um certo vazio, tanta coisa para tão pouco. O mesmo pode ser dito do Sam.

Como gosto destas personagens, não me incomoda lê-las, antes pelo contrário, mas se compararmos "A Feast of Crows" com os seus antecessores, este é um livro que fica claramente atrás deles. Independentepente da ordem de preferência dos três primeiros, este é o menos conseguido de Martin e depois da explosão que foi o 3º volume, isso ainda se nota mais. Mas há coisas fantásticas nele também e duas são os capítulos dos gémeos Lannister. Pela primeira vez conhecemos a história da perspectiva
de Cersei e isso foi um dos pontos mais positivos que este volume nos trouxe. Os seus capítulos são sempre terríficos e é um prazer vê-la tomar decisões que considera muito mais inteligentes do que realmente o são. Quanto a Jaime, já tinha surgido em "A Storm of Swords" e aqui continua a deslumbrar, mesmo quando acontece pouco na sua história, gosto muito de o ler. Neste seu regresso a King's Landing, qualquer ilusão que tinha de reatar a sua antiga relação com a irmã, vai-se desvanecendo com o tempo. Não porque ambos não se amem ainda, mas porque Jaime, mesmo que ainda não se tenha apercebido, regressou um homem diferente, daquele que nos foi apresentado no início.

Um aspecto diferente neste volume, foi também a opção de contar determinados enredos, não a partir de um, mas de várias personagens "ponto de vista", como foi o caso dos capítulos das ilhas de Ferro e de Dorne, uma boa oportunidade de conhecer melhor ambas as terras, em particular Dorne que ainda não tinha sido descrita. Outra característica relevante é que pela primeira vez Martin debruçou-se sobre os Septon's e a religião dos sete de forma mais profunda, dando-nos uma contextualização muito maior. Aliás houve também espaço para outras religiões como pudemos ver no percurso de Arya Stark, um precurso que soube a tão pouco, gosto muito desta personagem e gostava que tivéssemos tido mais sobre ela, é aguardar pelo próximo. Também continuamos a seguir a sua irmã desde os fantásticos acontecimentos de "A Storm of Swords". Algo que gosto muito nos seus capítulos é a presença de Littlefinger, ainda que curta, sempre de referência.

Como referi este é um livro mais focado nas personagens, uma espécie de interlúdio após o crescendo dos acontecimentos anteriores. Nesse sentido é mais contido, não conseguindo emocionar tanto como os anteriores, mas sem dúvida com algumas virtudes. Ainda assim temo que o autor perca demasiado tempo a desenvolver alguns enredos que acabam por acrescentar pouco a estas aventuras, ou que podiam ser narrados em muito menos páginas.

quarta-feira, novembro 13, 2013

Contos de Fiódor Dostoievski

 

A Árvore de Natal e o Casamento

"A severidade clássica de cada linha do seu rosto transmitia uma significância e solenidade peculiares à sua própria beleza. Mas através daquele severidade e solenidade, através da tristeza, brilhava a inocência de uma criança. Havia algo inexpressivamente ingénuo, irriquieto e jovem nas suas feições, que, sem palavras, pareciam suplicar piedade."

Bobok - Extraído do diário de alguém

"Em minha opinião, o mais sábio de todos é aquele capaz de, nem que seja apenas uma vez por mês, autodenominar-se tolo - uma faculdade inédita hpje em dia. Antigamente, na pior das hipóteses, um tolo reconhecia que o era uma vez por ano, mas agora, nada disso. E eles baralharam tudo, tanto que não há como distinguir um tolo de um sábio. Eles fizeram-no de propósito."

segunda-feira, novembro 11, 2013

Pickpocket (1959)


Ao tomar conhecimento de que "Pickpocket" é um filme vagamente inspirado no livro "Crime e Castigo" de Dostoevsky, não hesitei e fui vê-lo imediatamente. Queria conhecer o cinema de Robert Bresson e dificilmente iria encontrar maior estímulo do que este. Já agora sei que devem existir uma série de adaptações cinematográficas do livro, mas nunca as vi.

Apesar da história do filme ser diferente - o livro de Dostoevsky mergulha mais fundo na psique humana - é fácil reconhecer sequências do livro que aqui ganham vida na personagem de Michel (Martin LaSalle).

No início do filme Michel é-nos apresentado como alguém que vive sérias dificuldades financeiras, como o quarto onde vive o bem exemplifica. Gosto particularmente do pormenor de ele nunca fechar a porta quando sai,  afinal de contas não existe necessidade, nada há que ele tenha merecedor de ser roubado.

Tal como Raskolnikov (Crime e Castigo) é um crente no Niilismo, neste caso na liberdade de escolha por parte de determinados indíviduos mais dotados mentalmente, liberdade essa que pode ir além da autoridade. Como Michel crê pertencer a esta elite de pensadores, recusa os esforços do seu amigo em lhe arranjar um emprego e segue uma vida de carteirista, a qual vai aperfeiçoando ao longo do filme.

Sempre achei que ao adaptar uma história como esta teria de se recorrer à utilização de "voz off", neste caso, do pensamento do protagonista. De facto Bresson assim o faz, mas é de salientar que muitos dos sentimentos e ideias do filme são transmitidos fisicamente, por gestos, olhares e expressões. É notória a atenção na forma como as cenas nos são apresentadas e na postura dos actores ao longo do filme.

Esta é uma história de culpa e redenção, onde um não existe sem o outro, pois não fosse o trilho ardiloso percorrido por Michel e este talvez nunca encontrasse a paz, o amor. é um filme dotado de grande sensibilidade que me faz terminar o texto salientando que esta escolha se confirmou como uma excelente porta de entrada ao universo cinematográfico deste autor.

domingo, novembro 10, 2013

Dragon Ball Z: Battle of Gods


"Dragon Ball Z" regressou este ano com mais um filme, trata-se do 18º desta série e o primeiro a ter estreia no cinema em 17 anos.

Uma das novidades que contribuiu para um maior interesse em torno do mesmo foi o regresso do criador Akira Toriyama a trabalhar neste universo.

Sobre o filme falei dele no "TVDependente", cliquem aqui para ler mais.

sábado, novembro 09, 2013

Zona Gráfica Vol. 3 - Lançamento


Não percam amanhã no último dia do "Amadora BD" o lançamento da "Zona Gráfica Vol. 3". Para saberem mais sobre o mesmo cliquem aqui, escrevi sobre ele no "ACalopsia".

segunda-feira, novembro 04, 2013

Dog Mendonça e Pizzaboy III - Book Tour


Com algum atraso aqui deixo o plano de actividades de Filipe Melo, Juan Cavia e Santiago Villa em relação à apresentação do mais recente livro das aventuras de "Dog Mendonça e Pizzaboy".

sábado, novembro 02, 2013

Thor: The Dark World


Chegou às salas de cinema a sequela de "Thor". O primeiro filme, realizado por Kenneth Branagh, tinha a árdua tarefa de adaptar não só uma personagem da Marvel, mas todo um Universo. Thor é mais que um super-herói, é um deus da mitologia nórdica e ao trazê-lo para o cinema teria, automaticamente, de se trazer Asgard também - Branagh conseguiu-o. É um filme que por vezes soa apressado, mas, verdade seja dita, também seria complicado Thor ter a lição da sua vida em menos de hora e meia. Contudo, apesar das suas falhas, foi um introdução interessante, que tinha como ponto forte o elenco, em particular a escolha de Hiddleston para Loki, personagem que viria a ser aproveitada para a grande reunião em "The Avengers".

Agora chega-nos "Thor: The Dark World" desta vez realizado por Alan Taylor. Como qualquer sequela de um franchise comercial, "The Dark World" é maior e mais esplendoroso visualmente que o seu antecessor. Passamos mais tempo na maravilhosa Asgard e as sequências de acção são pautadas por uma maior injecção de efeitos especiais. Confesso que tenho curiosidade em saber o que Branagh alcançaria a trabalhar com este material e orçamento, acredito que lhe poderia ter dado um toque mais autoral que contribuiria para destacar ainda mais o filme, mas isto é pura especulação.

A premissa é muito simples e linear, mas funcional, serve o propósito de colocar determinadas personagens em determinados lugares, algo que irá ter repercurssões no futuro. Agora temos sempre de pensar mais além nos filmes da Marvel, apesar de esta história ser fechada, tudo aqui são peças num tabuleiro a caminharem para outros eventos. Mas se uma premissa simples sobrevive bastante bem neste género de filme - ninguém espera de "Thor" grandes complexidades narrativas -, já a fraca caracterização dos Dark Elves não. Malekith parece ser uma personagem interessante, mas nunca temos um investimento emocional na mesma, os Dark Elves surgem para nos fazer regressar à escuridão e pronto acabou. Percebemos que são um inimigo perigoso, mas ao chegarmos ao final do filme a conclusão é que não passaram de personagens unidimensionais e este é claramente o calcanhar de Aquiles de "The Dark World".

Em contrapartida os diálogos e interacções entre as personagens são uma das, senão a maior, qualidade do filme. "The Dark World" sabe o tipo de filme que é e sabe divertir-se com isso. O seu argumento consegue alternar entre acção, tensão dramática e diálogos espirituosos - muito bem escritos - que para quem já conhece estas personagens ainda funcionam melhor. Existem sequências, em particular na Terra, que até parecem saídas de uma sitcom, como vermos Thor a pendurar o seu martelo num bengaleiro. Nesse sentido nota-se que estamos perante um filme que pretende ter muitos estilos, o que poderá nem sempre funcionar a seu favor, há momentos que mereciam mais atenção. No entanto, sente-se um claro prazer em brincar com este universo, estamos num mundo onde existem pessoas a voar com capas e não há vergonha nenhuma nisso.

Todo o elenco está de regresso, excepto Josh Dallas na pele de Fandral. Uma ausência que poderá ser devida ao seu papel em "Once Upon a Time", de qualquer das formas o seu subtituto é Zachary Levi, uma escolha tanto certeira como surpreendente. Chris Hemsworth continua a provar-se um deus do trovão à altura, ele tem a presença e o coração para a personagem. Desta vez Rene Russo tem um maior destaque - maior até do que Antony Hopkins -, é sempre um prazer rever esta actriz que tornou a sua personagem em uma das mais interessantes desta mitologia. eral todos os actores são bastante competentes - Idris Elba como Heimdall é sempre imponente - mas com tantas personagens o tempo de antena de muitas é sempre curto.

Apesar de achar que todo o elenco funciona bem, até Portman me parece melhor na sequela, vou ter de, mais uma vez, destacar o Loki de Tom Hiddleston. Sempre que esta personagem surge em cena, o ritmo do filme é outro, sendo sem dúvida aquele que sobressai mais em termos de representação. Hiddleston tem aqui uma grande personagem, não só possuidora dos melhores momentos, como também aquela que transparece melhor as suas emoções. Desta vez o vilão é outro, mas o que nós queremos ver é sempre mais de Loki. Ele já tinha sido o vilão no 1º, o vilão no "Avengers", poderíamos pensar que a sua ausência está para breve, mas se "The Dark World" provou alguma coisa é que esta personagem é essencial para este universo e a sua química com Hemsworth é realmente fantástica, Thor e Loki juntos é uma daquelas parcerias que não falha. Sempre acreditei que neste filme o final de Loki seria um e posso revelar que a escolha foi ainda melhor.

Quanto à premissa, como Odin diz no trailer, antes de tudo existia a escuridão... e sobreviveu. Os Dark Elves são criaturas provenientes dessa mesma escuridão, que planeiam destruir o Universo, fazendo-o retornar às trevas. Para isso acontecer precisam de esperar por o momento certo, ou seja, pela convergência, o momento em que a Terra, Asgard e todos os outros mundos se encontram alinhados. Só nessa altura Malekith poderá libertar a força destruidora que é o Aether (5º elemento?) cumprindo assim a sua missão.

No final quando temos a - sempre existente - batalha final entre protagonista e antagonista, achei interessante a forma como abordaram segmentos da luta aproveitando os locais onde as leis da física estão mais frágeis devido à convergência. Foi uma boa opção para tornar as coisas mais divertidas e aquela cena do Thor no metro é hilariante.

Concluindo "Thor: The Dark World" poderá estar abaixo de "Iron Man" e "The Avengers", porém, não deixa de ser uma das propostas mais competentes produzidas pela Marvel, uma que trará diversão assegurada aos fãs deste género e sim, o Hiddleston é mesmo metade do filme, só por ele já valia a pena ter ido ver. Em adição temos um cameo surpresa extremamente divertido e não, não é o do Stan Lee.

Li algures que muitos acham que o poder de Thor nos filmes não tem sido muito explorado, mas quem passa mais despercebido nos mesmos até é Odin. Este "deus" é um Sky-father, sem dúvida o mais poderoso em Asgard e aquele que abdicou de um olho em troca de sabedoria. Coloco deus entre aspas porque tal termo advém da adoração que se criou a estes seres em tempos passados na Terra. Na realidade os Asgarnianos são seres de um outro mundo, tecnicamente extraterrestres.

Quanto às cenas pós-créditos, existe ainda uma segunda por isso fiquem até ao fim. Infelizmente esta escapou-me desta vez, normalmente faço as pessoas esperarem, mas depois de ver a primeira não me esforcei por pensar que era a única. Nunca mais!!!

Em relação à primeira: 


SPOILERS

É a prova de que a Marvel está seriamente investida numa longa continuidade destes filmes. Entram assim as "Infinity Gems", que serão certamente mencionadas em futuros filmes. Cá para mim isto tudo se encaminha para "Avengers 3" onde Thanos será, quase de certeza, o vilão. Mas até lá anda temos muito que esperar e muito para ver.