sexta-feira, maio 30, 2014

North by Northwest (1959)



Haverá fotografia mais icónica na filmografia de Hitchcock do que esta em que vemos Roger Thornhill (Cary Grant) a tentar escapar a um ataque aéreo?

Mais icónica não sei, mas igualmente sim, sem dúvida, porque este é o tipo de realizador que Hitchcock era, um criador de filmes com tramas tão intrigantes, como planos memoráveis. Este já estava atrasado, não veio nos DVDs que comprei do senhor e acabou por ir sendo adiado, até me darem um merecido "calduço".

Como sempre, até agora, foi mais uma grande peça de cinema. Eu até acredito que Hitchcock tenha filmes que não são bons, eu é que nunca os vi.

Hannibal - Temporada 2


Estive quase para não a ver, até porque a TV norte-americana parece começar a padecer do vírus da falta de ideias, começando a atacar veemente os filmes, adaptando-os a este meio. Claro que isso não quer dizer que as séries não sejam boas, não quero é passar a vida a ver sempre as mesmas coisas.

O importante é estar atento às que realmente interessam e, neste caso, o nome de Fuller a liderar este projecto valeu-lhe uma merecida oportunidade. Depois de uma assombrosa primeira temporada as dúvidas que poderiam haver foram totalmente obliteradas. Ora esta segunda temporara parece-me ter sido ainda melhor. Um autêntico baptismo de sangue para Will (grande Hugh Dancy) e, também, um mergulhar mais fundo nas profundezas das trevas, ou seja, nesta temporada ficámos a conhecer melhor aquele que dá nome a isto tudo, Mr. Hannibal Lecter (grande Mads Mikkelsen).


E depois de um crescendo de episódio chegámos ao 13º e ficamos sem palavras para todo o maravilhoso espectáculo orquestrado por Fuller. Que grande final, que grandes personagens e, claro, que grande série.

Existe uma certa suspensa de descrença, sem dúvida. Hannibal é capaz de tudo e a empatia de Will por vezes assemelha-se a um super-poder. Mas a aceitar é deixarmos-nos levar por uma das séries do ano.

quinta-feira, maio 29, 2014

ComiX4= (Comics for Equality)


O projecto ComiX4= tem como objectivo promover o desenvolvimento de uma sociedade europeia que privilegie o respeito e os direitos humanos fundamentais. É um projecto que através da BD pretende lutar contra a qualquer forma de intolerância, seja ela o racismo, a xenofobia ou a homofobia. Apesar de acreditar que temos vindo a melhorar enquanto sociedade, a verdade é que estes vírus não foram extintos e os mais recentes resultados das eleições europeias são a prova disso.

Este colectivo contará com exposição no Festival de BD de Beja e disponibiliza o seu trabalho gratuitamente aqui.

A edição é da responsabilidade da associação Africa e Mediterraneo (Itália) em parceria com NGO Mondo (Estónia), Workshop for Civic Initiatives Foundation (Bulgária), ARCA (Roménia) e Grafiskie stasti (Letónia).

It's a Good Life, If You Don't Weaken


This business of 'kidding yourself' worries me. I don't even know how much self-deception I'm involved in. It's hard to get down to the truth about yourself. Any time I feel like I'm finally being honest with myself I wonder if there's some deeper truth I'm shying away from. It amazes me how I can know something and avoid it at the same time.

Seth

Com este It's a Good Life, If You Don't Weaken regresso aos cartunistas canadianos. O que é engraçado é que Seth, o autor deste livro, e Chester Brown, já falado aqui, são bons amigos e como esta se trata de mais uma história autobiográfica, vamos contar com a presença desse autor enquanto personagem. Aliás a força que Brown deu a Seth não é esquecida nos agradecimentos.

Seth não é uma daquelas pessoas alegres, passando grande parte do seu tema a deambular pelos seus dilemas existenciais. É um saudosista consciente, digo consciente porque apesar de Seth ser um aficcionado pelo passado, tem perfeita noção da falácia que é dizer "como eu seria mais feliz se tivesse vivido numa época passada". Esta paixão pelo antigo tornou-o um ávido coleccionador de antigos cartunes e é durante uma dessas visitas a livrarias e/ou antiquários, que descobre Kalo, um cartunista com quem imediatamente se identifica (aparentemente o traço de ambos é próxima). A partir daqui Seth inicia a sua investigação em torno de Kalo um autor que se revela também de origem canadiana e cuja carreira parece ter sido demasiado curta, para um homem que aparentava ter tanto talento.

Um livro que acaba por nos contar não só a vida de Seth e as suas preocupações, como nos faz mergulhar na sua investigação também conhecendo o percurso de vida do cartunista Kalo, tentando juntar peças de um puzzle para descobrir a vida que levou e como o cartune a influenciou. It's a Good Life, If You Don't Weaken acaba por ser assim sobre a vida de dois autores. Será que Seth persegue Kalo na esperança de descortinar respostas para a sua própria vida? Respostas que, da maneira que as idealizamos, talvez não existam.


Gostei muito da escrita de Seth, muito literária e corajosa. Este nível de exposição deve ser assustador para um escritor como ele e agradeço-lhe por ter tido a vontade em escrever este livro. É um livro profundo e que merecia uma análise bem mais detalhada do que esta. Mas fica a sugestão, pelo menos.

Uma vez que Seth foi um ávido consumidor de BD, são várias as referências que inundam este livro. como o próprio autor diz, há determinados acontecimentos na vida que ele associa imediatamente a uma determinada tira. Não posso dizer que não me identifique, seja BD ou outra coisa qualquer, são muitos os paralelismos que cosntruo entre realidade e ficção.

quarta-feira, maio 28, 2014

Pretty Deadly (#1-5)


Quando o Diogo Campos me chamou a atenção para "Pretty Deadly", o que me captou logo a atenção foi a esplendorosa arte de Emma Rios. Como sempre o desenho é o primeiro impacto na BD, mas sendo a história aquilo que nos mantém fiéis seguidores.

Nestes primeiros 5 números Kelly Sue DeConnick apresenta-nos o universo de "Pretty Deadly", um western carregado de lendas em que a morte assume um papel central. A história é boa o suficiente para nos prender o interesse e tem particularidades muito curiosas como o facto de o narrador ser o esqueleto de um falecido coelho, cujas conversas com uma colorida borboleta trazem mais cor à história. Tudo isto parece um preparar de terreno, um apresentar das personagens e daquilo que as move, para seguirmos Ginny (filha da morte) em posteriores aventuras.

É uma boa introdução, que me convenceu a continuar a seguir o trabalho de DeConnick, mas o que realmente me deslumbrou foi o trabalho de Rios e Jordie Bellaire (responsável pela cor). Desconhecia as autoras e fiquei automaticamente fã de ambas. Pela qualidade do papel e pela suas capas (cuja cor é de Emma Rios). Em "Pretty Deadly" a parte de trás também faz parte da capa e é por pormenores destes que ainda dá mais gozo ter isto em fascículos (ver imagem de cima).

segunda-feira, maio 26, 2014

Mão Morta - Horas de Matar



Não sei se são horas de matar, mas serão, pelo menos, horas de ir ouvir o novo álbum dos Mão Morta, que penso já estar nas lojas.

Esta novo álbum assinala também os 30 anos de uma carreira nada menos do que épica.

Obscurum Nocturnus - Lançamento


É já no próximo fim-de-semana que se dá ínicio à décima edição do Festival internacional de BD de Beja. Talvez esteja enganado, mas mais do que nos outros anos, este parece primar em novos lançamentos. Por isso mesmo para aqueles que não forem a Beja, fica o aviso de estarem atentos às novidades.

Um desses lançamentos será Obscurum Nocturnus de Diogo Carvalho, segue a nota de imprensa:

Nota de Imprensa
Graphic Novel portuguesa
“Obscurum Nocturnus”
Diogo Carvalho

Apresentação da obra:

A Graphic Novel Obscurum Nocturnus é uma história de terror, fantasia e aventura em que David Gois, um jovem adulto jornalista e escritor de livros de autoajuda, com algum sucesso, vê-se arrastado para um mundo de sobrenatural na cidade de Aveiro. Mundo esse envolvendo rituais demoníacos, espíritos, pessoas possuídas, bruxaria e caçadores de monstros de uma ordem mundial nascida no tempo do rei Salomão. Será David capaz de sobreviver?

Obscurum Nocturnus vai buscar inspiração principalmente às histórias antigas contadas oralmente pelo nosso Portugal nas aldeias sobre fantasmas, bruxas e lobisomens. Também se inspira em obras de terror e aventura no Cinema, na Banda Desenhada, nas séries de TV e na Literatura escrita. Procurando afastar-se das grandes metrópoles a história passa pela Serra da Freita, Aveiro e Pardilhó. O prefácio é de Filipe Melo.



Evento de lançamento:

O livro terá o seu lançamento oficial no X Festival Internacional de BD de Beja no dia 01 de Junho pelas 15:15 na Bedeteca. Este lançamento será seguido de apresentações por diversos sítios de Portugal que irão sendo divulgados nas páginas oficiais.

Sobre o autor

 Diogo Carvalho faz parte do mundo da Banda Desenhada Portuguesa desde o liceu com vários trabalhos nesse campo. Alguns dos trabalhos publicados estão no "Mutate & Survive", no BDJornal, na Terminal, no "Venham +5", nos "Celacanto", nos livros "Murmúrios da Profundezas" (vencedor de melhor fanzine nos Troféus Central Comics 2008) e "Voyager". Como autor a solo fez o fanálbum "Cabo Connection" nomeado para melhor fanzine nos Troféus Central Comics 2007. É professor do 1º ciclo do Ensino Básico, do 2º ciclo da disciplina de EVT e tem trabalhos realizados nas áreas de multimédia, TV, cinema, teatro e ilustração. Vive com a sua esposa e o seu filho entre a ria de Aveiro e o mar, na vila da Torreira.

O Que Dizem os outros:

“Agarre este livro enquanto pode! Não vai ser capaz de o pousar!"
William Kuskin, Professor de Inglês na Universidade de Colorado Boulder, e criador do Curso Online Aberto e Massivo "Comic Books and Graphic Novels".

"Possessões demoníacas, bruxas, seitas satânicas, Zombies! Em Obscurum Nocturnus, o diabo anda à solta na região de Aveiro.”
João Miguel Lameiras,  Crítico, Professor e Livreiro de Banda Desenhada    

“ (…) Assustadora intriga sobrenatural que cruza o quotidiano do nosso país com o universo sombrio que nos recorda o trabalho de autores como HP Lovecraft ou Ray Bradbury.” 
Filipe Melo no prefácio     

"Conduzida em ritmo pausado, com as personagens introduzidas no momento certo e bem caracterizadas, conduz--nos aos poucos para um campo inesperado (…)”

Pedro Cleto, Autor do blog As leituras do Pedro  (http://asleiturasdopedro.blogspot.pt/)

Ficha técnica:
HISTÓRIA E ARTE: DIOGO CARVALHO
CORES DAS IMAGENS DA CAPA: SALVADOR POMBO
DESIGN, SEPARADORES DE CAPÍTULO E SITE: NELSON NUNES
MIOLO: 126 pág., TONS CINZA
ENCADERNAÇÃO: BROCHADA A CORES
EDIÇÃO E DISTRIBUIÇÃO: DIOGO CARVALHO
PARDILHÓ, PORTUGAL
1ª EDIÇÃO: JUNHO/2014
TIRAGEM: 300 EXEMPLARES
ISBN: 978-989-20-4699-0
Site, página fb e trailers


sábado, maio 24, 2014

O Diário de Jules Renard lido por Fred


A BD e a literatura são duas artes distintas, ambas se lêem em páginas, mas ambas possuem a sua própria linguagem. Escrever para literatura e escrever para BD não é a mesma coisa. Mas se a literatura e a BD são artes distintas isso não quer dizer que sejam opostas ou que não se possam unir. Gosto muito quando a força do texto literário se mistura com a poesia dos traços desenhados e O Diário de Jules Renard lido por Fred é precisamente um desses livros.

O título é bastante explícito, o autor Fred decidiu ilustrar o Diário do escritor Jules Renard, interpretando-o da forma como o leu. A história segue assim um passeio entre Renard e um corvo cujas conversas remetem para vários temas que fazem parte das nossas vidas, desde a família, à politica ou literatura, as reflexões de Renard são não só variadas como pertinentes.

Tudo isto exposto através do traço negro de Fred que acompanha muito bem o tom meditativo e melancólico do argumento. Claro que o trabalho de origem de Renard já era um material fortíssimo, mas gostei muito de ver a contemplação destas palavras por Fred. Uma ideia fantástica que resultou maravilhosamente.

Existe uma edição portuguesa da Bertrand. Há que salientar que a Bertrand pode não editar muita banda desenhada, mas quando edita tende a ser de muito valor.




sexta-feira, maio 23, 2014

The Playboy


Desta vez "viajei" até ao Canadá para conhecer o trabalho de Chester Brown com este seu The Playboy. A ínicio pensei que ia mergulhar aqui na historia de um qualquer Don Juan ou Casanova, mas afinal a palavra Playboy refere-se mesmo à revista.

Brown utiliza os meios da BD para viajar no tempo e nos contar um pouco da sua adolescência, em particular a fase em que a sua sexualidade começa«ou a despertar, a fase em que começou a comprar - às escondidas - a revista Playboy. É um retrato muito sincero que não terá sido nada fácil ao autor abordar, Brown explora aqui uma série de temas que ainda hoje serão considerados tabu para muitos. A associação entre o nosso desejo sexual e sentimentos de culpa e vergonha, não são de todo estranhas quando pensamos, citando um exemplo, em famílias cuja educação católica é muito rigorosa, mas não só. A partir destes momentos vamos conhecendo o crescimento do autor e como estas experiências o marcaram na vida, bem como ao seu futuro relacionamento com mulheres. Brown acaba também por referir o momento em que pela primeira vez se viu obrigado a confrontar o facto de ser racista, mais uma característica proveniente do meio em que se encontrava.

É um livro fantástico, em que o autor pega num tema que lhe é particularmente sensível e o explora com bastante honestidade. A forma como o Brown se dirige à sua "versão passada", sempre com algum sarcasmo na ponta da língua, também é digna de nota, não só pelo humor, mas porque é representativa da posição do autor, no presente, em relação a estes assuntos.

Estou mais do que convencido, Chester Brown é um nome a seguir com muita atenção.




A Batalha – 14 de Agosto de 1385 | Pedro Massano





Na Rua de Baixo falo do mais recente livro de BD de Pedro Massano. Que esta vez se debruçou sobre a épica batalha de Aljubarrota, imortalizando-a nos seus traços e cores.

Para lerem mais cliquem aqui.

X Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja


Regressa já no fim-de-semana de 31 de Maio/1 de Junho o Festival Internacional de BD de Beja, que se prolongará ao longo de duas semanas (termina a 15 de Junho). Como já é tradição é no fim-de-semana da inauguração que os convidados se irão encontrar e por isso mesmo estes são os dias mais movimentados.

O Paulo Monteiro e a sua equipa voltam a fazer-nos um dos convites mais apelativos do ano, relacionado com BD. Muita exposição, lançamentos, convidados e conversas, prometem tornar esta 10º edição memorável. Muitos parabéns a todos os envolvidos, por estes 10 anos de festa em torno da BD. Quanto aos convidados só para nomear alguns teremos David Lloyd, Laerte Coutinho, Tommi Musturi, Etienne Davodeau, José Smith Vargas, Tony Sandoval entre muitos outros.

Para conhecerem o programa espreitem a página do Facebook aqui.
Como há pessoas com muito mais aptidão para a divulgação sugiro uma vista ao blog do André Azevedo.

quinta-feira, maio 22, 2014

Blue Ruin (2013)


Blue Ruin estreia hoje e corre o risco de passar despercebido - com a estreia dos X-Men e tudo - o que é uma pena. Além da qualidade do filme vale a pena salientar que o realizador Jeremy Saulnier conseguiu financiar o filme graças a uma campanha de angariação de fundos no Kickstarter. É um dos casos mais interessantes que conheço relacionados com esta plataforma. Pois a maioria dos casos que conheço prendem-se com artistas que já gozavam de algum reconhecimento.

Quanto ao filme trata-se de um thriller de vingança, que explora de forma bastante eficaz o efeito cíclico que a violência tem no mundo. A história é boa e Saulnier sabe como contá-la atrás das câmaras, sendo ponderado e deixando a história desabrochar a seu tempo. Definitivamente temos aqui um nome a estar atentos no futuro.


Torchwood - Temporada 1



SPOILERS

No. Think dangerous. Think something you can only half-see, like a glimpse, like something out of the corner of your eye. With a touch of myth, a touch of the spirit world, a touch of reality all jumbled together, old moments and memories that are frozen in amongst it. Like debris, spinning around a ring planet, tossing, turning, whirling... backwards and forwards through time.

Captain Jack Harkness


Um dos meus episódios favoritos de Doctor Who é o Empty Child. Pela história, pelo ambiente de terror, mas também pela introdução do Captain Jack Harkness, que se tornou instantaneamente parte da mitologia deste universo.

Ainda o acompanhámos enquanto companion do Doctor durante alguns (poucos) episódios. A sua participação foi sempre muito bem-vinda, mas compreende-se que Jack não seja menino para andar sempre atrás do Doctor. Nasce assim Torchwood (anagrama de Doctor Who), uma série dedicada à equipa (já previamente mencionada na série do Doctor) responsável por lidar com ameaças Extraterrestres na Terra e liderada pelo ilustre Captain Jack Harkness.

Tenho algum receio dos spin-offs, há personagem que resultam maravilhosamente enquanto secundárias, mas não enquanto protagonistas, além disso o que é demais enjoa. Mas Torchwood consegue marcar a sua posição e distinguir-se. Uma vez que se trata de uma série voltada apenas para adultos pode entrar por determinados campos restritos ao Doctor e também os protagonistas destas duas séries se encontram em campos dbem iferentes. Ao contrário do Doctor, o Jack não tem tantos problemas em sacrificar determinadas vidas e ver essa diferença na forma como ambos lidam em determinadas situações é um dos pontos mais interessantes da série.

A série até começa bem, mas confesso que a início me pareceu que a iria ver mais pela paixão ao universo do que pela própria série em si. Felizmente, esse sentimento desvanece logo, quanto mais episódios vemos, mais as histórias vão melhorando, bem como as restantes personagens (o Jack não, esse sempre esteve em grande).

O Doctor Who nunca enveredou muito pelo caminho espiritual, mas aqui temos um episódio dedicado a uma alma (graças a tecnologia alien), que me faz questionar se nos quiseram dizer que há vida depois da morte. O Jack bem acha que não há nada depois de morrermos e morrer é com ele. Para quem não sabe depois dos eventos no final da 1º temporada de Doctor Who (da de 2005) o Jack é imortal.

O último episódio é que nos volta a trazer os exageros do Russel T. Davies e aos quais já não estava habituado. Normalmente o seu lado emotivo compensa sempre essa extravagância, mas aqui acho ele esticou demais a corda, tudo bem, já sabemos o que a casa gasta. O que adorei no final foi que fez a ponte com os acontecimentos do final da terceira temporada do Doctor, excelente.

De salientar ainda que este Captain Jack já se encontra a viver na Terra há mais de 100 anos e o peso dessa idade e experiência de vida fazem-se sentir na personagem. Apesar de ser o mesmo Jack, não é exactamente aquele que conhecemos na primeira temporada de Doctor Who.

A música é de Ben Foster e do Murray Gold e há que dar crédito a estes senhores, não só pela música sod episódios, mas pelos temas contagiantes das intros que criam.

Cinema Animal


O Créditos Finais tem uma nova rubrica mensal intitulada Cinema Animal. O desafio consiste em o Miguel Ferreira escolher um animal e convidar três blogueiros (ilustres da blogoesfera realmente soa melhor) para escolherem, cada um, o filme que melhor representa o animal em questão.

O primeiro post já está disponível e conta com a minha participação. Para verem cliquem aqui.

sexta-feira, maio 16, 2014

He Done Her Wrong


The Great American Novel - sem palavras e sem música - diz o subtítulo desta pérola dos anos 30 da autoria de Milt Gross.

Fantástico livro por Gross, que sabe trabalhar como um mestre a linguagem da BD, para nos trazer um verdadeiro portento no campo do humor pastelão (em inglês é a conhecida comédia slapstick). No cinema este tipo de comédia ficou muito popularizada graças a obras de Chaplin, Keaton, Laurel & Hardy, entre muitos outros. Ora Milt Gross era bom amigo de Chaplin e trabalhou com ele em The Circus (1928), influências que se sentem na leitura desta peça.



He Done Her Wrong narra a história de amor de um casal. Ela uma cantora e ele um homem do campo,  fisicamente sobredotado que, como um super-herói, a salva logo no início do ataque de um grupo de homens que estavam claramente mais interessados em outras partes da artista que não a voz.

O que este homem do campo tem em força, acaba por ter também em ingenuidade e deixa-se enganar com demasiada facilidade por um vilão explorador, que o consegue afastar da mulher, fingindo-lhe funeral e tudo. A partir daqui o herói andará a viajar em busca da sua amada, busca essa que o levará a Nova Iorque, onde passará por mirabolantes e excessivas situações, todas muito divertidas. Temos aqui espalhado também a situação do confronto entre o campo e a cidade, quando o nosso herói entra na grande metrópole.

Uma das minhas partes favoritas tem de ser a primeira vez que o herói e a amada estão prestes a cruzar-se ao virar da esquina. Precisamente no momento certeiro um cartaz gigante intromete-se entre os dois, e ambos passam um pelo outro sem se ver. Tão perto, tão distantes. Mais uma cena que me remeteu a determinadas situações cinematográficas.

Este é mesmo muito aconselhado.



quarta-feira, maio 14, 2014

Piero


Quem lê BD sabe que há vantagens em dominar a língua francesa. Além de ser uma língua na qual muita BD é produzida, também é uma língua na qual a grande maioria é traduzida. Mais por causa do material original, ao qual não se tem acesso em português ou inglês, tenho tentado refrescar a memória e melhorado a minha compreensão do francês, tentando ler algumas BDs. Dizer que esta tarefa tem sido desenvolvida a passo de caracol é dizer muito, por isso um empurrão de vez em quando é o que nós precisamos.

Por isso quando me colocaram Piero, de Edmond Baudoin, nas mãos, heistei um breve segundo, e aceitei a sugestão. De facto dá-me dó ver o tempo que demoro a ler esta curta história, agarrado ao google tradutor, mas foi uma tarefa que valeu a pena e agora já posso colocar Baudoin na lista de autores lidos.

Piero é um livro autobiográfico, cujo título é o nome do irmão do autor. Ambos viviam em Nice numa França pós-guerra e onde passavam grande parte do tempo a desenhar. Neste olhar sobre o seu passado, Baudoin mergulha tanto na realidade como nos sonhos da sua infância, misturando-os com uma sensibilidade enternecedora. Tudo contado num traço simplista e negro.


Ficamos tambéma  saber que não é Baudouin quem persegue os estudos nas artes, mas antes o seu irmão, uma vez que a família não tinha posses para os dois. Claro que o bichinho do desenho persiste e eventualmente o regresso a ele é inevitável, nem que fosse para desenhar este livro como o autor conclui no final.

É um daqueles pequenos objectos, que por dentro está bem carregado de emoções e sonhos. Sonhos essas criaturas espantosas cuja grandeza ninguém consegue medir e que, no entanto, se podem esconder nos confins mais pequenos do mundo. 

Penny Dreadful

Já começou esta nova série de terror que promete misturar personagens clássicas da aventura do fantástico nas suas aventuras.
Estarei a comentá-la no TVDependente semanalmente. Falei do primeiro episódio aqui.

terça-feira, maio 13, 2014

Séries aos Quadradinhos #5


Na quinta edição de “Séries aos Quadradinhos”  começámos por nos aventurar na Space Opera de maior culto na BD, para em seguida fazermos uma visita ao herói mais alucinado da Marvel. Depois de nos assustarmos com um spin-off do “1984” tínhamos mesmo de ir pedir ajuda ao jornalista mais irreverente da história. Com a ensaboadela do Spider Jerusalem, o melhor teria sido ir para casa, mas mesmo assim ainda nos arriscámos a visitar o Japão feudal para conhecer Miyamoto Musashi, valeu a pena.

Cliquem aqui para ver.

segunda-feira, maio 12, 2014

Paranoid Park


I stood there, watching her. The whole world was a dream, I realized. Everyone was acting in a bad soap opera. The whole world was one big FOX TV show.

Quando se pensa em obras de ficção que abordem o sentimento da culpa, aquela que costuma surgir em primeiro lugar na memória é o devastador Crime e Castigo de Dostoiévski. O autor Russo excedeu-se na sua exploração da mente humana, criando um verdadeiro estudo psicológico sobre o Homem. Por isso não é de estranhar que Blake Nelson comece por citar esse mesmo livro antes de começar o seu Paranoid Park. Aliás a homenagem ao autor Russo é bem sentida, mesmo mais tarde volta a ser mencionado através do seu Notas do Subterrâneo.

Paranoid Park é a história de um jovem de 16 anos que acidentalmente mata um segurança numa estação de comboios.  A partir daqui seguimos a viagem de culpa sentida pelo protagonista e como isso o afecta a nível individual e social. A maioria de nós tem a vida como garantida, se respeitarmos o próximo não teremos à partida problemas legais, nem de consciência, a este nível. Mas um acidente pode mudar isso, basta imaginar um qualquer problema que ocorra a conduzir e que resulte na morte de outra pessoa. Mesmo sem culpa é algo que pode "destruir" o espírito numa fracção de segundos. Neste caso, a história é diferente, mas o protagonista nunca teve intenções em matar, contudo, a forma como a acção se desenrolou despoleta uma forte dose de culpa.

Blake Nelson conta a história a partir do ponto de vista do protagonista. Não vivo na América, mas senti que o autor conseguiu captar bem a jovialidade da personagem. A sua "voz de autor" pareceu-me credível, genuína. Por isso mesmo não teremos aqui a mais fina prosa, estamos a ler o relato de um jovem de 16 anos, afinal de contas. Mas essa juventude também traz algo à obra, a visão de um adolescente perante uma situação tão adulta e tão trágica, o que funcionará bem num público dessa mesma faixa etária, haverá uma maior identificação. Apesar das diferenças entre todos nós, mesmo em termos de idade, parece-me que há sentimentos que, pura e simplesmente, são humanos. A descrição da forma como este rapaz reagia a determinadas situações tem qualquer coisa de universal, mesmo não tendo passado pelo mesmo conseguimos sentir uma familiaridade com o medo que esta sente. A estrutura do livro também é muito interessante, a história é contada sob a forma de cartas, um mecanismo cuja razão fica não só clara no final, como faz todo o sentido.

Vale a pena explicar que Paranoid Park é o nome de uma zona adoptada pelos Skaters para praticar. É descrita como uma zona mais perigosa, mas também como o melhor local para andar de Skate. Como o protagonista é skater o seu fascínio por Paranoid Park é expresso logo na primeiras linhas, contudo, é onde tudo começa.

Já li que Nelson considera este livro como um recontar do "Crime e Castigo", mas tal afirmação, a ser verdadeira, é exagerada. Compreendem-se as semelhanças e inspirações, mas o livro de Dostoiévski aprofunda mais questões. E mesmo o crime em si, nada tem de acidental, sendo antes algo bem calculado e com um objectivo bem definido (e que é amplamente explorado no livro). Não, isto de recontar não tem nada, é outra história diferente que parte da base de uma ideia de Dostoiévski.

Concluindo, é um livro com uma escrita muito simples - faz sentido - que consegue transmitir bem o sufoco que uma situação destas traria à nossa vida, essa corda que nos amarra o pescoço e nos deixa imóveis, mergulhados num estado de profundo terror e culpa. Será mais dirigido a um público adolescente, podemos até apelidá-lo de O Crime e Castigo Juvenil - não sei se isso será inteiramente justo, mas soa bem. De qualquer das formas acho que é uma história da qual não darão o vosso tempo por perdido, principalmente a quem se interessar por este tipo de temas, como eu.

Posteriormente foi adaptado ao cinema por Gus Van Sant, em 2007, tendo vencido a Palma D'Ouro desse mesmo ano.

sexta-feira, maio 09, 2014

arròsnegre


O fanzine, se não estou em erro, é uma abreviação de fanatic magazine, ou seja, é um magazine feito por fãs. Por questões óbvias o fanzine tem muitas vezes um invólucro físico mais "pobre", uma vez que não tem nenhuma editora por trás a investir. Contudo, quem tem contacto com este universo sabe bem que isto não é uma regra, existem fanzines cuja edição pode ser equiparada a qualquer uma profissional. Tal é o caso deste arròsnegre cuja impressão e design são realmente estupendos. Mas sobre fanzines, muito mais especialista do que eu é o Geraldes Lino e certamente no seu blog encontrarão toda a informação disponível sobre os nossos.

Até agora existem 4 publicações desta revista, que conheci a partir das duas últimas edições. Todas elas são temáticas previligiando uma cor em particular. A terceira é amarela e sobre o povo Árabe - tendo como mote o provérbio: "só se atiram pedras em árvores carregadas de frutas". Já a quarta debruça-se sobre a república espanhola, previligiando o tom roxo.

No conteúdo podem contar com banda desenhada, ilustração e contos em prosa. São vários os colaboradores e mostram que há muito talento jovem por Espanha. Se quiserem saber mais sobre este projecto natural de Valência, consultem a página oficial aqui, lá encontrarão também informação sobre a aquisição destes livros. A distribuição destes prrojectos costuma ser sempre o "Calcanhar de Aquiles", mas graças à internet as coisas foram facilitadas, por isso é de aproveitar.

Quantoa  mim, gostei do que vi, acho que arròsnegre tem muito potencial para continuar a interessar e deixou-me bem curioso em conhecer os dois primeiros volumes.

MAUS - Nova edição pela Bertrand (num só volume)


Que excelente notícia recebi esta manhã. MAUS, de Art Spiegelman, é uma obra-prima da Banda Desenhada e vai ser editada pela Bertrand. Sei que existia já uma versão deste livro em português - dividida em dois volumes - mas que cada vez deve ser mais difícil de encontrar e este é um daqueles que deve estar sempre disponível nas prateleiras.

Em relação ao comunicado de imprensa, não concordo com a frase citada do New Yorker, pois não é por este livro ser uma grande obra de arte, que faz com que seja a primeira. Trata-se claramente de uma frase escrita por alguém que não é leitor de BD, mas é também uma frase que espelha o quanto esta MAUS conquistou, tendo vencido o Pulitzer e alcançado um enorme número de leitores. Há muitas pessoas que não lêem BD, mas que leram MAUS e isso quer dizer qualquer coisa.

Custa-me muito criar listas de preferidos, mas sempre que o fiz, MAUS  fez sempre parte delas e suspeito que continuará a fazer.


Dias de Um Passado Presente por Bendis


No "A Calopsia" volto a falar de BD, desta vez da 3º revista dos "Novos X-Men" publicada cá pela Panini Comics.

Cliquem aqui para ler.